Em razão da pandemia causada pela Covid-19, desde março/2020 a maioria das empresas teve que se adaptar e implantar o sistema home office. O formato de trabalho, que já é tendência nos países desenvolvidos, ainda é um assunto que divide opiniões entre líderes e companhias brasileiras. Isso acontece, porque alguns gestores têm a falsa impressão de que o trabalho remoto é uma comodidade, ficando ainda mais difícil de coordenar suas equipes de forma eficaz. Há muitos motivos que podem nos fazer inclinar para essa equivocada conclusão, tais como: não é preciso pegar trânsito, não é preciso acordar mais cedo, não é preciso sair para almoçar, não é preciso se preocupar se vai ou não chover, ou seja, não é preciso se preocupar com um monte de dificuldades que normalmente quem trabalha fora de casa precisa enfrentar. Com isso, diversas condutas radicais estão ocorrendo e elas podem ser vistas como assédio moral.
O Tribunal Superior do Trabalho (TST) conceitua como assédio “toda e qualquer conduta abusiva, manifestando-se por comportamentos, palavras, atos, gestos ou escritos que possam trazer danos à personalidade, à dignidade ou à integridade física e psíquica de uma pessoa, pondo em perigo o seu emprego ou degradando o ambiente de trabalho”. Esses preceitos também valem para o ambiente virtual. Acúmulo de funções, aumento na carga horária de trabalho e/ou exigir tarefas fora do escopo do cargo são situações que podem ser perfeitamente caracterizadas como assédio moral.
Para que as empresas e gestores estejam alinhados com seus colaboradores e não tenham problemas futuros, é recomendado definir uma nova rotina entre líderes e equipe. Combinar horários e disponibilidade do funcionário é fundamental. Vale também definir cronogramas e prazos para a entrega de tarefas de forma prévia. Inclusive, caso seja necessário alguma colaboração além do horário, é indicado considerar sempre o limite físico e mental de cada membro.
Vale ressaltar que a orientação junto à equipe sobre a forma de atuação no trabalho remoto é uma responsabilidade da empresa. Por isso, mantenha uma comunicação clara e transparente. Criar uma circular para todos, com horários, condutas para reuniões virtuais e interações entre colaboradores e gerência é uma maneira para que todos possam trabalhar em harmonia, respeitando uns aos outros.
O funcionário que identificar situações de assédio moral tem a opção de notificar a empresa, que possui a obrigação de investigar a queixa. Caso a companhia não tome as atitudes necessárias, o funcionário pode denunciar junto ao Ministério Público do Trabalho ou ingressar com uma ação judicial.