Alessandro Redlich
– Sommelier formado pela ABS
(Assossiação Brasileira de Sommeliers). Sendo formado a mais de dez anos, com experiência no Brasil e na Europa onde estudou sobre vinhos europeus participando de várias degustações em restaurantes e vinículas e se especializando em harmonização.
Com o seu conhecimento e experiência sobre vinhos, lança esse e-book para quem quer aprender a respeito de vinhos sabendo reconhecer as informações do rótulo e assim escolher o vinho ideal pelas suas características organolépticas olfativas e degustativas e não somente pelo preço como muita gente o faz.
Esse curso é para quem ama vinhos. É indicado não só para aqueles que não tem qualquer conhecimento no assunto, mas também para quem quer se profissionalizar. Um livro de consulta sempre a disposição como recurso de pesquisa de tudo o que envolve o conceito básico e muito completo da bebida dos Deuses.
O vinho é, por definição, o produto da fermentação alcoólica natural do suco de uvas. Este fenômeno ocorre espontaneamente na natureza quando uvas maduras têm suas cascas rompidas, permitindo o ataque de leveduras selvagens responsáveis pela transformação do açúcar da fruta em álcool. Portanto, é de se supor que o homem primitivo tenha entrado em contato com esse produto casualmente. A adoção desse protótipo de vinho por nossos antepassados deveu-se antes ao efeito causado no estado anímico daqueles primeiros consumidores do que às qualidades gustativas do produto.
Diferentes pesquisas arqueológicas têm evidenciado que o vinho acompanha a humanidade desde seus primórdios. A parreira vinífera parece ter origem na região ao sul do mar Negro e sudoeste da cadeia dos Cáucasos. Essa área corresponde aos territórios atuais da Turquia, Armênia e da Geórgia e nela floresceram, na era neolítica, os reinos da Anatólia, dos hititas e da Armênia. Lá, foram encontrados os mais antigos vestígios conhecidos de videiras. Mais importante é o fato que, em sítios arqueológicos da área, estudiosos dessas civilizações encontraram sementes de uvas cultivadas datadas de 7000 AC. Esse período coincide com a transição social dos primeiros povos da Ásia menor de um estado de grupamentos nômades para o estágio de sociedades fixas e agricultoras. A viticultura evoluiu e difundiu-se em direção ao ocidente, até as margens do Mediterrâneo, estabelecendo-se em Canaã, na Assíria e Fenícia. A região da Mesopotâmia, pouco propícia ao cultivo da vinha, tornou-se grande importadora do produto. O próximo império a produzir vinho foi o egípcio. A partir daí e da Anatólia, a bebida foi levada à Grécia. Posteriormente, os fenícios também contribuíram para a difusão do vinho em suas colônias mediterrâneas, principalmente Massília, a futura Marseille. O uso do vinho nas várias cidades gregas enraizou-se de forma sólida naquelas sociedades, tanto como produto alimentício como para uso ritual e religioso, no culto dionisíaco.
O vinho tinha ainda função medicamentosa, sendo citado por Dioskurides, o pai da farmacologia, e por Hipócrates de Cós, o pai da medicina. Da mesma forma, aparece freqüentemente na literatura grega, bem como, em sua dramaturgia. No entanto, a importância do vinho na civilização helênica também reside no fato que a partir de 750 AC iniciou-se a expansão grega no sul do atual território da Itália. Fundaram-se as colônias de Neapólis (Nápoles), Tarentum (Taranto) e Siracusa. O sul da Itália e a Sicília integraram a chamada Magna Grécia, conhecida então como Enotria, a "terra das vinhas treliçadas", referência, em grego, à abundância e forma de condução das videiras locais. A forte presença grega na região influenciou de forma definitiva os padrões culturais da civilização que se iniciava um pouco mais ao norte: a civilização romana.
Assim, observa-se que a maior parte dos grandes vinhos romanos era proveniente das áreas que integraram a Magna Grécia: Falerno, Surrentinum, Caecubum na Campania e Mamertinum na Sicília. O nome de uma das principais uvas da região, a aglianico, é provavelmente uma corruptela da palavra helênica. No norte, apenas o Rhaeticum atingia o nível daqueles vinhos meridionais. A situação atual é inversa, com os vinhos mais finos sendo elaborados nas regiões setentrionais. Torna-se fácil imaginar que a expansão imperial romana, bem como a política da Pax Romana e o aculturamento dos povos bárbaros com o aparecimento dos chamados foederati, contribuíram para a difusão do vinho em todas as províncias romanas estabelecidas nas terras conquistadas. No início a cultura da vinha difundiu-se pela Gália cisalpina, onde já havia Massília com sua cultura fenícia. Esta região era então a grande fornecedora para toda Gália setentrional. A seguir, a viticultura estabeleceu-se na Gália narbonensis (Narbone). O cultivo da vinha no restante da Gália tem origem controversa. É possível que os gauleses e mesmo os celtas já o fizessem, pois, existem evidências arqueológicas disso. No entanto, a versão mais aceita é a da sua propagação a partir das margens do Mediterrâneo para a região da Lugdunencis (Lugdunum-Lyon), seguindo o curso do Rhône e, para Burdigala (Bordeaux), na Aquitânia. A implantação da vitivinicultura na península ibérica foi facilitada pelo fato de que já lá havia uma cultura do vinho, herdada dos fenícios através dos cartagineses, que dominaram a região antes da destruição de Cartago nas guerras Púnicas contra Roma. Sob domínio romano, a vinha floresceu na Baetica (Andaluzia), em Tarraconensis (norte da Espanha e Portugal) e na Lusitania (Portugal).
No norte, o grande estímulo vinícola foi a descentralização administrativa do império romano, levada a efeito por Diocleciano, em virtude das invasões bárbaras, no início do século IV. Umas das capitais imperiais criadas foi Trier, a Augusta Treverorum, sob o comando de Constantino, às margens do rio Mosel. A presença da corte na região desenvolveu muito a viticultura local.
Após um período de calma relativa, a Europa mergulhou na grande noite que se seguiu à queda do império romano do ocidente em 476. A barbárie e o caos subseqüentes acarretaram uma total desorganização social e da atividade produtiva. A produção do vinho nesse período é pouco conhecida mas sabe-se que foi mantida pelos inúmeros novos senhores de terras e, principalmente, pelos bispados. Um novo alento foi tomado após a reunificação da Europa, com a sagração no dia de natal de 800, de Carlos Magno como imperador. Uma espécie de renascimento teve então lugar, revalorizando a cultura greco-latina. O culto do vinho veio como conseqüência lógica. Além da doação à abadia local, do vinhedo que hoje leva seu nome em Corton e da lenda de que os primeiros vinhedos do Rheingau teriam sido plantados por sua ordem, numerosos atos de regulamentação da produção de vinhos foram promulgados por Carlos Magno. No entanto, o fator decisivo na manutenção da tradição vitivínicola foi o desenvolvimento, a partir do século XI, do monasticismo decorrente do surgimento das grandes ordens monacais, como a Cluniacense e a Cisterciense. As imensas abadias dessas ordens, como a de Cluny, eram verdadeiras cidades com extensas áreas plantadas para o sustento da vida